quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Oba, férias

Finalmente as férias chegaram.
Sem mais provas, sem mais aulas e o vestibular já passou. Agora é só esperar o resultado.
Tudo bem que eu já tinha feito o meu muito antes de ontem, e que já estou inclusive matriculado, mas esse foi o comentário geral na noite de ontem. E a galera aproveitou o fim das provas com vontade. A grande maioria estava la desde de o momento em que deixou o local de provas. Nós chegamos já um pouco mais tarde, o que me proporcionou uma visão privilegiada sobre como foi o meu passado. Já fazia algum tempo que eu não tinha a oportunidade de ver tantos bêbados juntos em um só lugar. E foi no mínimo cômico.

Logo de cara me deparei com um amigo com cara de quem ia a qualquer momento tombar a cabeça para trás e dormir de boca aberta até babar. Um segundo falava e falava e falava, como sempre, sem nexo, sem noção e sem motivo, tentando (acreditem) empurrar a irmã casada no primeiro, meio que parte de um acordo do qual acredito piamente que apenas um dos dois ser conhecedor. Segundo as palavras um tanto ébrias do mesmo, "ele (o primeiro) tinha que pegar a irmã, e ia ser fácil, por que ela era mais rodada que a catraca do Maracanã". Lindo. Isso que é amor de irmão. Segundo o mesmo, a irmã tinha também muita sorte, pois já conseguira um filho antes de ficar velha. E além de tudo ia fazer intercâmbio, pois a sogra ia pagar a passagem para que ela pudesse viajar. Nessa altura eu pensava na doce garota nos verdejantes e extensos gramados londrinos, rodando pelos belos cafés de Paris, observando o tão famoso sol nascente do Japão, tomando uma boa e forte cerveja de Berlim, passendo pelo Central Park em Nova York ou quem sabe até fumando unzinho e olhando as prostitutas das vitrines de Amsterdan. Já estava eu começando a sentir inveja da tal sogra quando ouço "ela vai pra Brasília. Vai pegar o ônibus daqui uns dias". Não consegui conter o riso. Eu quase querendo ser a irmã, e ela vai é enfrentar uma viajem de ônibus, para o mesmo lugar para o qual estou indo após o Natal e de ônibus. 26 horas dentro de um veículo desconfortável com uma criancinha de colo junto. Tudo isso, esse papo todo era ouvido com a ilustre companhia do nosso amigo Alemão Iron Head (procurem no YouTube) que tão lindamente dormia, debruçado na cadeira sem saber quem era ou onde estava, e linda e abundantemente na camiseta babava.

Resolvemos trocar o bar e fomos para um onde se aglomeravam pelo menos mais cinco ou seis ao redor, sendo que três deles tinham bandas tocando música ao vivo simultâneamente, cada um tentando ter o volume mais alto que o outro e com estilos de música diferentes. Era a mesma coisa que estar perto daquele Uno velho que o dono instala um "sonzão pancada" que tem altura mas não tem qualidade. A banda que tocava com um som de qualidade tinha o volume baixo, a banda que tinha o volume alto tinha a qualidade do som péssima e a terceira nem sequer se ouvia. Como a coisa estava bagunçada, os bêbados resolveram ir dançar no meio da rua. Foi algo lindo. Quem estava quase dormindo acordou, mais ou menos. Quem estava falando sem parar continuou falando sem parar, e quem dormia e babava acordou e exibia uma cara de quem mal conseguia se manter de pé. Dançando, pulando e rodopiando no meio da rua, com a companhia de um quarto elemento, esse não bêbado, mas se comportando feito um. Pouca vezes na vida vi algo tão hilário. Sem contar que pegaram o babão e fizeram um penteado "Maria Chiquinha" nele. Parecia uma paquita.

Ali a coisa se desenrolou por mais um tempo até que os bares começaram a fechar, a música parou de tocar e a galera meio que voltou a dormir. Nos sentamos em um gramado próximo para jogar conversa fora enquanto os ônibus não voltavam a circular, afinal, sem eles ninguém voltava pra casa, o jeito então era esperar.

"Tem um pato no meio da rua!!!"

A princípio, quando ouvi o grito, não entendi o que seria o pato, até que olhei para a rua e vi um pato de verdade. Não que eu nunca tivesse visto um pato na vida, afinal vivia passando as férias na fazenda do meu avô quando era criança, então patos, vacas, cavalos e todo tipo de bicho fizeram parte da minha infância. O que veio a me surpreender foi ver um ali, no meio da rua de um grande centro urbano. O pobre coitado escapara do parque que se localizava próximo de onde estávamos. Pobre pato. Imaginem a cena de um grupo de bêbados correndo atrás de um pato no meio da rua durante a madrugada. A essa altura eu já rolava na grama às gargalhadas diante de tal situação. Como é bom não beber e rir dos bêbados.
Pegaram o pato. Tiraram fotos e mais fotos. Filmaram toda a caçada e o patinho foi solto sem se ferir. E duvido muito que ele volte a chegar perto de um grupo de humanos de novo. Principalmente dos bêbados.

De volta ao gramado e agora começa a sessão de causos mentirosos dos bêbados. Mas rolou cada história que daria o roteiro de um filme de comédia dos bons. Ou só um texto para um blog dos ruins mesmo.
Nessa hora já tinha gente dormindo esparramada na grama de novo. Já quase amanhecia o dia. Mais uma vez se aproveitaram dos longos cabelos do Alemão Iron Head e fizeram mais um penteado exótico nele. Segundo aqueles que viam a coisa, dessa vez ele estava parecendo o My little poney.

Após uma bela espera entramos no primeiro ônibus que passou e cada um seguiu seu rumo, mas ainda assim rimos mais um pouco da galera durante o trajeto, afinal, bêbado dentro de ônibus tem o equilíbrio de uma girafa na corda bamba, mas mesmo assim alguns resolveram distupar quem conseguia ir mais longe sem se segurar em nenhum lugar do ônibus. Foi um verdadeiro festival de gente se desiquilibrando e capotando, e mais uma vez lá tinha alguém dormindo muito bem esparramado no banco. E assim fomos até cada um chegar ao seu destino.

Só espero que venham mais noites assim.

Um comentário:

  1. Não consegui parar de rir enquanto lia.
    Pobre pato... Na verdade pobre irmã, 26 h dentro de um ônibus.
    "Dançando, pulando e rodopiando no meio da rua, com a companhia de um quarto elemento, esse não bêbado"
    Jhonathan era o mais bêbado dos bêbados, mesmo sem ter ingerido uma gota de alcohol.

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